terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O POTE DE FERRO

Já nada me suaviza
o olhar...
Nem este pote de ferro...
que vejo junto à lareira
aquece o inverno
da minha canseira !
Nele depositei o bálsamo
de pétalas de flores
e nas cinzas,
a fragrância...
As chamas crescem alaranjadas...
Perdeu-se a minha infância
e foram-se as palavras já lavradas !

Cheira a terra molhada
a floresta húmida trespassada...
de rosas,amoras e jasmins
em tom magoado...
É neste abraço saciado
que me sinto escravo e cego !
Já não me aceito
nem me nego...
Sou fera enjaulada
neste rasto em que me encerro...
Como náufrago definhado
sobre fogo...
Como esse pote de ferro !
( Humberto Sotto Mayor )